Campeonato Distrital de Juniores B 1ª Div. - Serie 2
U. D. Valonguense 1 x
1 C.D. Aves
Após o jogo decorrido é possível dizer que milagrosamente conquistamos
1 ponto. O resultado mais justo seria uma vitória clara e por números
expressivos para a equipa da casa. Esta foi provavelmente um das piores
exibições de uma equipa da formação do Aves nos últimos anos.
Como explicar esta situação? A primeira nota é que entramos no jogo
com uma mentalidade muito pequenina: sem humildade, sem respeito pelo
adversário, sem vontade de trabalhar, sem capacidade de sacrifício, etc.
Entramos desconcentrados logo no aquecimento (mais uma vez). Entramos a pensar
que o adversário não tem valor e que o jogo se ganha facilmente. Não é preciso
correr muito, não é preciso trabalhar que nos somos bons e com a nossa
qualidade individual resolvemos o jogo.
Reflexo disso, a nossa organização defensiva foi um desastre:
- muito espaço entrelinhas;
- equipa sem capacidade de
pressão, e quando havia pressão era individual e sem ajuste da restante equipa;
- avançados sem qualquer
capacidade defensiva (alas foram uma miséria tanto em termos posicionais como
em espírito de ajuda defensiva);
- adversários recebiam bola no
interior do nosso bloco sem pressão, ainda conseguiam rodar e passar ou rematar sem pressão;
- raramente se conseguiam
ganhar bolas em zonas adiantadas - só ganhamos bola na nossa área;
- incapacidade completa em ler
o jogo, antecipar e prever passes de adversário - ficamos sempre a ver no que
ia dar.
Como quem não consegue recuperar a bola também não consegue atacar com
frequência, ficamos sistematicamente encostados à nossa área e como só havia
recuperação de bola nesta zona, depois tínhamos um longo caminho a percorrer
até à baliza adversária. Aliado a tudo isso, quando tivemos bola a nossa
organização ofensiva foi ainda mais desastrosa que a defensiva:
- caixinhas e jogo individual;
- ritmo baixo e pouca variação de flanco;
- passes para profundidade que mais pareciam remates à baliza (saiam
todos pela linha de fundo);
- incapacidade completa em dar apoio ao portador da bola - não se viam
tabelas, combinações e criação de situações de superioridade numérica;
- falta de movimento e dinâmica sem bola;
- não construirmos jogo ofensivo nem de forma curta nem de forma
longa.
Tudo isto podia ser compreensível se este fosse o 1ª jogo da época,
mas não foi. Além disso esta equipa já cumpriu noutros jogos com tudo isto que
foi apontado.
Em vez de uma equipa tivemos 11 jogadores em campo, desligados, sem
solidariedade, sem jogo colectivo. Cada um por si, aproveitava os momentos com
bola para se mostrar, para se tentar demarcar da equipa e do jogo colectivo.
Era hora de mostrar para fora que se sabia fazer uns truques. Em "cuequinhas",
"calcanhares", "bonitos", fintas, fintinhas caixinhas e
todos os outros inhas demos uma grande goleada. Parecia uma competição interna
para ver que fazia mais bonitos, quem arrancava mais aplausos dos colegas, dos
pais e adeptos. Todos discutiam os falhanços dos outros, sem nunca tentar mudar
os seus erros. Aqui trazemos mais uma vitoria para casa, a equipa que mais
discutiu. Mas futebol de qualidade: ZERO. Combinações ofensivas: ZERO. Ritmo de
jogo: Zero. Pressing: ZERO. Solidariedade: ZERO. União: ZERO.
Uma grande equipa não é aquela que consegue chegar a um rendimento
alto, mas sim aquela que chega a um rendimento alto e depois o consegue manter
durante muito tempo. Nós já tivemos um rendimento alto esta época (Paços,
Paredes, Amarante) mas não o mantivemos com equipas teoricamente mais fáceis
(Valonguense, Rebordosa e Rio Tinto). Isto
demonstra a capacidade que as equipa têm de atingir objectivos, porque é nestes
jogos que se mostra a ambição e a motivação. Motivação para jogar com os
melhores todos têm. Motivação para se querer sempre mais, independentemente do
adversário, só esta ao alcance dos melhores.
Após este jogo, há necessidade de se repensar as coisas. Se calhar os
objectivos propostos forma demasiados altos para a mentalidade e ambição que
temos.
Para se construir uma casa são necessários alguns meses, mas para a
deitar abaixo bastam uns minutos. Corremos o risco de ter deitado a nossa casa
(equipa) abaixo. Ninguém pode prever o futuro, mas este jogo vais deixar
mazelas. Não sei se a nossa casa (equipa) vai cair ou não, mas sei este jogo
abanou muito os nossos alicerces e vai deixar marcas.
Independentemente disso, sei que vamo-nos levantar e crescer. Custe o
que custar. Vamos crescer com quem quiser crescer e deixando para trás quem não
tiver essa capacidade. Esse é o meu trabalho. Mas é preciso que se tenha noção
do seguinte: a atitude e comportamento neste jogo pode ter estragado toda uma
época.
MISTER JOÃO PAULO
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